Atualmente, devido ao intenso avanço tecnológico, dispõe-se de excelentes métodos de imagem para o diagnóstico das patologias mamárias, destacando-se a mamografia digital 2D e 3D (tomossíntese), a ultrassonografia e a ressonância magnética. O principal objetivo desses métodos é a detecção precoce do câncer de mama que é o câncer mais comum em mulheres no Brasil e no mundo e a causa mais frequente de morte por câncer em mulheres em todo o mundo.
Na década de 70 observou-se progressiva redução na mortalidade pelo câncer de mama, sobretudo em países desenvolvidos, relacionada a implantação de programas de rastreamento mamográfico em mulheres assintomáticas nas faixas etárias mais acometidas, levando a detecção mais precoce da doença e a possibilidade de tratamentos mais eficazes, tanto cirúrgicos, como adjuvantes.
Muitos países, incluindo o Brasil, criaram então seus programas de rastreamento e o método de escolha para essa avaliação periódica da população assintomática tem sido a mamografia, com destaque para os equipamentos digitais, devido ao aumento da acurácia para detecção de lesões subclínicas, redução da dose de radiação necessária e maior conforto para as pacientes, em comparação com os equipamentos convencionais mais antigos.
No exame mamográfico as lesões mais habitualmente encontradas são: microcalcificações, nódulos, assimetrias e distorções arquiteturais. As características das lesões levam a maior ou menor suspeição de malignidade e os métodos de diagnóstico por imagem das mamas permitem a categorização do grau de suspeição através do sistema BI-RADS, incluindo recomendação de conduta mais adequada para cada caso.
De maneira geral, as mamas podem ser compostas por maior quantidade de gordura, sendo classificadas como mamas adiposas ou maior teor de tecido fibroglandular, como mamas densas. As mamas mais adiposas tem sensibilidade maior para detecção de pequenas lesões no exame mamográfico que as mamas mais densas, sendo que nestas últimas, pequenos nódulos podem ficar obscurecidos em meio ao tecido fibroglandular.
Na ultrassonografia mamária ocorre justamente o contrário: nas mamas mais densas os pequenos nódulos se destacam e nas mamas mais adiposas eles podem ficar obscurecidos em meio aos lóbulos de tecido gorduroso.
Daí a vantagem da complementação entre os métodos: uma lesão pode não ser evidente no exame mamográfico e visibilizada apenas na ultrassonografia, principalmente se as mamas da paciente forem muito densas e por outro lado, uma lesão pode não ser visibilizada ao exame ultrassonográfico e detectada apenas na mamografia, principalmente se as mamas forem adiposas.
Outra vantagem da correlação entre estes dois métodos é a diferenciação entre nódulos sólidos e císticos que não é possível na mamografia e sim na ultrassonografia e na RM. Entretanto a mamografia pode detectar microcalcificações, que dependendo do formato e distribuição podem representar lesões suspeitas, o que não é possível pela ultrassonografia e pela RM, devido a sua baixa sensibilidade para detectar calcificações.
Para uma análise mais precisa do formato, contornos e limites de pequenas lesões, a mamografia digital 3D ou tomossíntese leva grande vantagem, além de precisa diferenciação entre assimetria de parênquima (considerada fisiológica) e assimetria focal devido a presença de lesão suspeita, podendo evitar muitas vezes um resultado falso-negativo no exame mamográfico.
Outro exame que tem sido amplamente utilizado para detecção e análise das lesões mamárias, inclusive também como complementação aos demais métodos supracitados é a ressonância magnética, cujas principais indicações são:
- divergência na interpretação de uma determinada lesão entre a mamografia e a ultrassonografia mamária.
- tentativa de diferenciação entre lesões benignas e malignas, sobretudo devido a sua capacidade de detectar diferentes padrões de impregnação das lesões pelo contraste paramagnético administrado por via intravenosa (geralmente as lesões mais suspeitas tem impregnação intensa e rápida pelo contraste que também é rapidamente “lavado” da lesão determinando um padrão de curva de impregnação denominado “wash-out”, considerado mais suspeito para lesões malignas, ao passo que lesões menos suspeitas tem impregnação menos intensa, mais homogênea e mais lenta, com padrão de curva ascendente).
A ressonância magnética também permite avaliação mais precisa da morfologia das lesões, das dimensões e limites exatos das mesmas , a presença de outras lesões na mesma mama (multifocalidade ou multicentricidade) ou na mama contralateral (bilateralidade), além da existência de lesões associadas na pele, nos complexos areolo-papilares ou na musculatura peitoral, bem como também a avaliação da presença de linfonodomegalias nos prolongamentos axilares, nas cadeias mamárias e nas fossas supraclaviculares, permitindo assim estadiamento local das lesões neoplásicas.
Os implantes mamários de silicone também podem ser avaliados pela mamografia e ultrassonografia e no caso de anormalidades nesta avaliação ou no exame clínico, uma avaliação mais detalhada pode ser obtida no estudo por ressonância magnética, que permite confirmar os diagnósticos de rupturas intra ou extracapsulares, deslocamentos e rotações das próteses, alterações inflamatórias relacionadas a presença das próteses, suspeitas de rejeições e contratura capsulares.
Concluindo, o mais importante na integração entre os métodos de diagnóstico por imagem das mamas é ter em mente que os métodos se complementam, se somam. Para isso é necessário conhecer a sensibilidade e limitações de cada método que dependem da composição mamária e do tipo de lesão e avaliar a necessidade de realização de um, dois, três ou mais métodos, para um diagnóstico precoce e preciso.