Precisamos falar sobre a “aborrescência”. Antes de qualquer tentativa de aprofundar a temática, cabe um olhar para os adolescentes contemporâneos e todos os contextos que os cercam. A adolescência é vista por muitos profissionais como uma fase de transição cercada por grandes mudanças.
Não há um consenso sobre as idades de início e término da adolescência, normalmente se dá entre os 10/12 anos até por volta dos 18 anos (há variações entre meninos e meninas). No entanto, além das alterações físicas, existem também muitas outras, como as comportamentais, emocionais e psicológicas, que merecem toda a atenção e também fazem parte desse contexto repleto de hormônios e descobertas que é, inclusive, popularmente alcunhado de “aborrescência”.
Esta, por vezes, é compreendida como certa rebeldia que os adolescentes manifestam por diferentes motivos, ou mesmo sem motivos concretos, bem como a dificuldade em ver o outro, causando diversos desajustes em sua conduta, como: desrespeitar regras, questionar autoridades, desafiar limites, além de toda a instabilidade emocional que permite oscilação de humor, dificuldades de comunicação, falta de motivação, ansiedade, baixa autoestima, imediatismo, alterações no sono, por vezes certa agressividade e rispidez com as palavras e gestos. Alguns casos requerem o isolamento social e outros, a necessidade de exibicionismo.
Vale mencionar que a “explosão” hormonal é um período de transição fisiológica e não patológica, e pode afetar a concentração e atenção, dificuldades de aceitar o novo corpo com formas e pelos após a puberdade, além do impulsionamento erótico e sexual que configura um período de grandes descobertas e complexidades, assim como as primeiras paixões, as desilusões recorrentes, as acnes e o possível bullying. Não é regra, mas, na maioria das vezes, os comportamentos mencionados são assim tipificados como normais para a idade.
Vale ressaltar que não é regra todo adolescente apresentar problemas em passar por este período, mas cabe aos pais ficarem atentos para acolher, orientar e buscar ajuda se necessário, lembrando que estão na busca por identificações e ficam mais vulneráveis às influências, que os pais e familiares sejam exemplos a serem seguidos com um contexto familiar respeitoso e afetuoso. Nesse sentido, quando abordamos a temática da adolescência, precisamos ampliar e observar o impacto que o período traz à sociedade, principalmente quando não bem dialogado e compreendido. Muitos jovens sofrem e, consequentemente, suas famílias também.
Dessa maneira, precisamos, como adultos, trazer boas referências e, ainda, refletir se essa “aborrescência” pode ser passada de forma mais branda, autocompreendida e por que não inesquecível e memorável?