O desenvolvimento das sondas transvaginal e transabdominal de alta frequência e alta resolução juntamente com melhorias substanciais em imagens de ampliação e processamento de sinais aumentaram drasticamente a capacidade de visualização do coração fetal durante o primeiro e o segundo trimestres da gestação, permitindo investigação detalhada da anatomia cardíaca fetal e o diagnóstico de defeitos cardíacos. Atualmente é prática padrão em muitos centros de medicina fetal oferecer ecocardiografia a partir de 11 semanas de gestação.
As duas indicações mais comuns para ecocardiografia fetal precoce incluem gestações com risco pela anamnese e fetos com transluscência nucal aumentada (em geral > 3,5 mm). A translucência nucal no 99º percentil como ponto de corte resulta apenas na detecção de cerca de 30% das cardiopatias congênitas. Alguns marcadores hemodinâmicos têm sido sugeridos para melhorar a identificação de fetos de alto risco para doenças cardíacas congênitas ou anomalias cromossômicas durante a translucência nucal: a presença de regurgitação tricúspide (associada às anomalias cromossômicas e / ou certos tipos de doenças cardíacas congênitas), ausência ou onda A reversa no ducto venoso e a identificação de artéria subclávia direita aberrante.
Dentre as principais indicações para realização de ecocardiografia fetal pela história clínica cita-se: história familiar de cardiopatia congênita, doenças maternas (por exemplo, diabetes mellitus), concepção por tecnologia de reprodução assistida, exposição à medicamentos teratogênicos, gestações múltiplas monocoriônicas e em gestações com suspeita de patologia estrutural extra cardíaca.
Uma vez realizada a ecocardiografia precoce em nosso país, muitos casais continuam com a gravidez e podem usar o tempo extra fornecido pelo diagnóstico para preparar e planejar um bebê com necessidades adicionais de saúde, inclusive fazer arranjos práticos e econômicos para minimizar o transtorno na vida familiar.
A ecocardiografia fetal precoce é ferramenta poderosa e confiável para o diagnóstico de cardiopatias congênitas no início da gravidez. Entretanto, em virtude da possibilidade de falha em alguns defeitos significantes, particularmente aqueles que progridem ou evoluem durante a gestação, é recomendado repetir o exame mais tarde na gravidez.
A ecocardiografia fetal precoce fornece oportunidade única para explorar a epidemiologia, resultados e comorbidades associadas às doenças cardíacas congênitas. Além disso, essa investigação possibilita a disponibilidade de tempo adequado para aconselhamento, investigação e tomada de decisões adicionais.