O adoecimento por transtornos mentais tem apresentado nos últimos anos crescimento exponencial: a Pesquisa Nacional de Saúde, realizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2019, apontou que 10,2% das pessoas com 18 anos ou mais já receberam o diagnóstico de depressão. A mesma pesquisa, realizada em 2013, indicou a taxa de 7,6%.
Diversos fatores tentam explicar esse fenômeno e, por mais que exista uma complexa interação entre questões genéticas e psicológicas para ocorrência dos mais diversos transtornos mentais existentes, o meio no qual o indivíduo vive e está inserido influencia muito no aparecimento dessas doenças.
Na área médica, o tratamento de doenças como a depressão e os transtornos de ansiedade tem apresentado uma grande evolução nas últimas décadas, com o desenvolvimento de medicamentos mais eficazes e com menos efeitos colaterais.
Entretanto, resultados que muitas vezes são alcançados por muitas pessoas não acontecem com outras, que permanecem com sintomas da doença, sofrimento persistente e com grande dificuldade para o retorno ao trabalho ou manutenção de suas rotinas.
Nesse contexto, a inovadora tecnologia chamada estimulação magnética transcraniana (EMT) tem despertado atenção nos meios científicos como uma boa aliada no tratamento de diversas doenças psíquicas, sendo cada vez mais utilizada em diversos centros de referência mundo afora.
Desde 2012, a estimulação magnética transcraniana foi regulamentada para uso no Brasil pela Anvisa e pelo Conselho Federal de Medicina para o tratamento da depressão, em suas diferentes manifestações, e de alucinações auditivas na esquizofrenia. Diversas outras doenças também foram tratadas pela EMT e evidenciaram resultados consistentes ou promissores, como o transtorno de estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, dependência de drogas e alcoolismo, zumbido, Fibromialgia, doença de Parkinson, dentre outras.
A estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr) permite o tratamento de doenças psiquiátricas a partir do estímulo de áreas específicas do cérebro por meio de pulsos magnéticos, com objetivo e estimular ou inibir algumas áreas cerebrais específicas.
A técnica permite respostas rápidas ao tratamento e, a depender dos critérios de indicação, pode apresentar eficácia em 60 a 70% dos casos.
O procedimento não é invasivo, ou seja, não necessita de cortes para que seja realizado e dispensa sedação. É considerado seguro, indolor e os efeitos colaterais são quase inexistentes e raramente ocorrem.
As sessões de aplicação são diárias, com indicação média de 10 a 20 sessões por tratamento. Estas sessões são de breve duração (média de 30 minutos), com o paciente acordado e sentado em uma poltrona, dispensa acompanhante e são realizadas por um médico especialista. Não há necessidade de interrupção das atividades do dia a dia após cada sessão e não é obrigatoriamente necessária a suspenção das medicações em um primeiro momento.
Dependendo da resposta terapêutica de cada um, há casos em que a pessoa consegue inclusive reduzir e até mesmo suspender suas medicações. É importante lembrar que cada indivíduo é único, sendo necessário um acompanhamento médico de qualidade para um melhor seguimento e personalização do tratamento.
Contudo, a vasta literatura médica e os resultados apresentados evidenciam que a estimulação magnética transcraniana veio somar, de forma promissora, ao leque de tratamento da depressão e muitas outras doenças mentais. Os pacientes e suas famílias agradecem por mais este avanço da medicina!