O transtorno do espectro do autismo é uma desordem neurológica com variados níveis de comprometimento na área comportamental da interação social, comunicação verbal e não verbal além da funcionalidade física e sensorial, gerando incapacidades funcionais no indivíduo autista. O autismo pode ser classificado conforme grau de dependência e/ou necessidade de suporte, apresentando níveis e intensidades diferentes de individuo para indivíduo.
Alguns sistemas são responsáveis pela manutenção do corpo humano, no autismo algumas alterações motoras são presentes em variadas crianças como apontam estudos, tais alterações incluem aspectos físicos e motores sendo atraso no desenvolvimento motor, alterações na marcha, na ponta dos pés, prejuízos na coordenação e planejamento motor, percepção corporal, coordenação visuo-motoras dentre outras, tais alterações são avaliadas e tratadas individualmente, levando em consideração as necessidades individuais de cada criança.
Para se alcançar boa relação corporal e se levar uma vida com movimento e fluidez é necessário preparação, aprendizado e repetição dos movimentos, toda baixa fluidez no movimento pode desencadear uma serie de repercussões negativas no corpo e mente do indivíduo, dificultando a interação social e autovalorização.
A fisioterapia é uma ferramenta utilizada para intervir e tratar em alterações no corpo, sendo a ciência que estuda, diagnostica, previne e recupera pacientes com distúrbios cinéticos funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano. Trabalha com doenças geradas por alterações genéticas, traumas ou enfermidades adquiridas. O objetivo desta área é preservar, manter, desenvolver ou restaurar (reabilitação) a integridade de órgãos, sistemas ou funções. Utiliza-se de conhecimento e recursos próprios como parte do processo terapêutico nas condições psico-físico-sociais e comportamentais promovendo melhorias na qualidade de vida.
A Fisioterapia Neurofuncional é a área de especialidade da fisioterapia que atua de forma preventiva, curativa, adaptativa ou paliativa nas sequelas resultantes de danos ao Sistema Nervoso, abrangendo tanto o Sistema Nervoso Central como o Periférico, bem como àqueles com doenças neuromusculares (do neurônio motor, da placa motora e do músculo propriamente dito – miopatias).
O fisioterapeuta neurofuncional tem a responsabilidade de avaliar o paciente autista, dando o diagnóstico cinético funcional, prescrevendo o tratamento e realizando-o. A intervenção fisioterapêutica utiliza de métodos e técnicas especificas no movimento prejudicado, podendo ser avaliados e tratados por meio de técnicas de direcionamento, autoavaliação e percepção corporal.
Ao reconhecer a qualidade do movimento, podemos entender melhor o significado de “eu que me movo” em pessoas com autismo. Essa compreensão pode balizar novas intervenções baseadas no corpo vivido do indivíduo expresso na qualidade do movimento.