Após consumir determinados alimentos, algumas pessoas podem sentir dor abdominal, náuseas, desconforto, diarreia e gases. Em geral, tais sintomas são percebidos como um simples mal-estar. Mas, se o incômodo aparecer em um período entre meia hora e duas horas após o consumo, isto pode significar uma intolerância alimentar – uma rejeição do organismo a determinadas substâncias, açúcares ou até a presença de micro-organismos dentro do intestino delgado. Como os sintomas podem ser vagos e nem sempre são contínuos, há quem passe anos – ou até a vida inteira – sem descobrir a causa de desconfortos gastrointestinais.
A intolerância à lactose (ao açúcar do leite) é a mais comum, afeta cerca de 70% da população brasileira, e é resultado da falta da enzima lactase, produzida no intestino delgado, que tem por finalidade ajudar na absorção do leite e seus derivados. Com a deficiência ou ausência dessa enzima, a digestão torna-se difícil e chega ao intestino grosso onde é fermentada por bactérias, produzindo ácido láctico e gases.
Outras substâncias podem provocar sintomas semelhantes, entre eles podemos destacar o sorbitol (açúcar de vários tipos de adoçantes e refrigerantes) e a frutose (açúcar presente nas frutas). Existe também um grupo de pacientes que sentem desconforto com o uso de carboidratos, mesmo sem serem celíacas – doença autoimune desencadeada por um dos componentes do glúten que leva a um grave processo inflamatório. E há pacientes com doenças crônicas, como o diabetes, que apresentam colonização de bactérias no intestino delgado (lugar normalmente livre destes organismos), com sintomas muito semelhantes aos dá intolerância alimentar.
Vale a pena lembrar que alergia é diferente de intolerância, enquanto a primeira envolve mecanismos imunológicos com reações dermatológicas e sistêmicas, a segunda envolve somente a digestão. O diagnóstico deste grupo de doenças pode ser feito de diversas formas, normalmente são solicitados um conjunto de exames laboratoriais, testes respiratórios (análise do ar expelido pelo pulmão) e exames endoscópicos.
Uma vez diagnosticada a intolerância, pode-se evitar os sintomas excluindo-se da dieta a substância identificada como causadora. Normalmente não existe cura. Mas se a intolerância não for grave, o paciente não precisa eliminar todo o alimento. Aos poucos a pessoa descobre quais alimentos ela pode ingerir sem sentir tantos sintomas.