O que paciente pode fazer para se preparar melhor para uma cirurgia?

articularmente a cirurgia tiveram um avanço possivelmente maior do que em toda sua história. Na cirurgia, avanços como a antibióticos terapia nutricional, os transplantes de órgãos, a videocirurgia e, mais recentemente, a robótica mudaram radicalmente os resultados cirúrgicos.
Hoje, muitas operações, que demandavam a permanência do paciente por longo tempo no hospital, permitem alta hospitalar até no próprio dia, com segurança e baixos índices de complicações. Paralelamente houve grande avanço nos métodos diagnósticos, na radiologia e na endoscopia invasiva, e também nas técnicas anestésicas e nos cuidados intensivos pós-operatórios, que contribuíram ainda mais para melhores resultados.
O primeiro e mais conhecido programa de recuperação de cirurgia foi o ERAS (Enhanced Recovery After Surgery), criado na Europa e hoje difundido mundialmente. Trata-se de um protocolo que inclui a abreviação do jejum pré-operatório além de uma série de medidas durante a cirurgia, visando redução das complicações e recuperação mais rápida do paciente. Outros programas similares foram criados nos Estados Unidos. No Brasil, foi criado o Projeto ACERTO, coincidentemente elaborado por colegas de Cuiabá, um programa de sucesso que inclui livros publicados e congressos anuais dedicados ao tema. 
Uma oportunidade para se melhorar ainda mais os resultados cirúrgicos é o período de dias ou semanas que antecede o procedimento. Várias medidas podem ser tomadas enquanto o paciente realiza os exames pré-operatórios ou até mesmo aguarda a data que melhor lhe convém. Essas medidas visam otimizar a performance física, clínica e psicológica do paciente, controlar comorbidades, como hipertensão arterial, função cardiopulmonar, controle do diabetes, doenças do coração, ajuste de dose de medicamentos em uso, além de controlar o estado nutricional (obesidade e desnutrição), tabagismo, etilismo e estimular a atividade física. 
O Colégio Americano de Cirurgiões (American College of Surgeons) desenvolveu o programa Strong for Surgery, elencando quais seriam os fatores mais importantes para serem recomendados antes da cirurgia.  Este protocolo foi criado em 2012, pela Universidade de Washington. O programa é baseado em quatro áreas de atuação: nutrição pré-operatória, interrupção do tabagismo, otimização do controle glicêmico e revisão dos medicamentos em uso.
1) NUTRIÇÃO PRÉ-OPERATÓRIA: A adição de alguns nutrientes com atividade não só nutricional, mas também imunoestimuladora e anti-inflamatória, além de estimular a cicatrização, confere benefícios adicionais significativos. Entre esses nutrientes temos arginina, ômega-3 e nucleotídeos entre os mais estudados, principalmente em sinergia. O uso nutrição imunomoduladora pode reduzir em 40% a 60% as complicações infecciosas.
2) INTERRUPÇÃO DO TABAGISMO: Inúmeros estudos confirmaram que o tabagismo aumenta a incidência de complicações pulmonares após anestesia em até 6 vezes. 
3) CONTROLE GLICÊMICO RIGOROSO:  Até um terço dos pacientes cirúrgicos podem ter diabetes não diagnosticado previamente. Por isso, é importante sempre dosar a glicose sanguínea como parte dos exames pré-operatórios. O controle glicêmico adequado do paciente diabético reduz significativamente o risco de complicações.
4) REVISÃO DA MEDICAÇÃO EM USO: É fundamental a revisão completa de todas as medicações em uso, incluindo aquelas que dispensam prescrição, suplementos, chás e medicamentos à base de ervas. Recomenda-se suspender, no pré- operatório, todos os medicamentos que não sejam absolutamente necessários. Algumas medicações podem aumentar o sangramento ou ter efeito diurético, desidratando o paciente. A retirada abrupta de alguns medicamentos também pode ser perigosa, principalmente medicamentos cardiovasculares, de efeito psiquiátrico ou no sistema nervoso central. A recomendação é avaliar judiciosamente cada medicamento que o paciente estiver usando.
Temos procurado aplicar um atendimento interdisciplinar na clínica Oncoprime no intuito de reduzir as complicações operatórias e acelerar a recuperação do paciente melhorando a qualidade de vida e o retorno às suas atividades diárias. Mas ainda há grandes desafios e muito a fazer.