Devido à grande frequência de quedas na população idosa, esta condição tornou-se parte de uma das mais importantes síndromes geriátricas, a Instabilidade Postural. Logo, deve ser pesquisada, prevenida e, se possível, corrigidos todos os fatores de risco, o mais breve possível.
Cerca de 1/3 dos idosos vivendo na comunidade relatam ao menos uma queda no ano anterior, e a incidência aumenta com a idade, afetando 32% dos idosos de 65 a 74 anos; 35% dos idosos de 75 a 84 anos e 51% dos idosos acima de 85 anos.
A maioria das quedas em idosos não resulta em morte ou lesão, apenas menos de 5% delas resultarão em fraturas ou em ferimentos importantes, e necessitarão de cuidados médicos. Entretanto, o impacto psicológico resulta em medo de cair e, por muitas vezes, uma limitação autoimposta das atividades cotidianas, levando a um declínio funcional e um maior risco de ocorrência de um novo episódio.
O envelhecimento normal, por si só, não causa uma deterioração suficiente para ocasionar quedas, sendo necessários outros fatores associados tais como:
• causas externas, por exemplo, fator ambiental (tapetes, iluminação, sapatos inadequados); alterações da marcha e do equilíbrio (por fraqueza e dor articular);
• vertigem sentida como tonturas;
• sarcopenia (diminuição da massa muscular);
• doenças neurodegenerativas;
• uso de medicações sedativas e inapropriadas, alcoolismo;
• doenças agudas como uma infecção urinária que no idoso podem cursar com confusão mental;
• problemas com os pés; baixa acuidade visual.
Durante uma consulta geriátrica é feita uma revisão das medicações em uso, avaliação do equilíbrio e da marcha, da visão, dos membros inferiores, uma avaliação psicológica, cognitiva e funcional e uma busca por doenças associadas, visando detectar possíveis causas ou facilitadores de quedas. O tratamento e a prevenção se misturam. Se forem identificadas causas, o tratamento será direcionado a elas, mas, além do tratamento das causas específicas, algumas medidas gerais se aplicam à maioria dos casos, como a readequação das medicações em uso, a correção de déficits visuais, a prevenção da deficiência de vitamina B12, vitamina D e da osteoporose, a orientação de exercícios específicos, a indicação de calçados adequados e de instrumentos de apoio, a identificação e eliminação de riscos ambientais e a adaptação das atividades diárias do paciente. Determinar e tratar as causas das quedas pode devolver o paciente ao seu estado anterior à queda, e também reduzir o risco de novas quedas, trazendo ganhos importantes para a qualidade de vida dos pacientes e dos seus familiares.
Algumas dicas de adaptações ambientais para prevenção de quedas:
• barra de apoio ao lado do vaso sanitário e dentro do chuveiro; cadeira dentro do chuveiro;
• colocar adesivos antiderrapantes no piso do chuveiro;
• remover escadas (colocar rampas) ou instalar corrimão em ambos os lados;
• fixar os tapetes no chão;
• corrimão e barras de apoio nas áreas de circulação;
• uso de bengala ou andador;
• nivelar o piso; melhorar a iluminação da casa;
• utilizar luzes noturnas no trajeto entre o quarto e o banheiro;
• elevar o vaso sanitário, sofá, cama, cadeiras (de forma que o paciente sentado tenha um ângulo de 90 Graus nos joelhos e quadris, diminuindo o deslocamento para sentar e levantar).
O envelhecimento é um período normal do desenvolvimento humano caracterizado por algumas mudanças físicas, sociais e psicológicas, e pode e deve ser vivido de forma plena e autônoma respeitando-se as particularidades dessa fase de vida.