Dentre as deficiências humanas, a auditiva pode ser considerada uma das mais devastadoras em relação ao convívio social do sujeito, fazendo com que sua capacidade de comunicação e interação com a sociedade seja prejudicada.
O primeiro Relatório Mundial sobre Audição, lançado em março de 2021 pela Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que um quarto da população global, ou o equivalente a cerca de 2,5 bilhões de pessoas, terá algum grau de perda auditiva em 2050.
A perda auditiva ocorre por um impedimento da capacidade do Sistema Auditivo de detectar a energia sonora, por diferentes causas. A privação sensorial auditiva não só compromete o desenvolvimento de habilidades específicas, mas também o potencial do indivíduo de entender e ser entendido.
É crescente o interesse em identificar o mais precocemente possível as perdas auditivas. Quando uma perda auditiva é detectada, torna-se necessária a intervenção imediata, a fim de minimizar as consequências da mesma. Uma das maneiras de minimizar as dificuldades e desvantagens que ocorrem como consequência desta patologia é a utilização dos recursos tecnológicos disponíveis, ou seja, por meio da adaptação de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI).Tal tratamento fornece ao indivíduo a possibilidade de receber estimulação auditiva pela amplificação sonora. Nessas situações, o fonoaudiólogo atua precocemente na seleção e adaptação das próteses auditivas, de forma que o processo de reabilitação auditiva tenha um melhor prognóstico. A prótese auditiva não restaurará a audição aos níveis de normalidade, porém proporcionará ao usuário maior audibilidade, viabilizando que a comunicação ocorra de forma mais fácil.
Estudos recentes comprovam que, com o uso da amplificação oferecida pela prótese auditiva, as habilidades auditivas, como atenção, localização, discriminação e memória dos sons da fala sejam beneficiadas, impedindo que com o passar dos anos a dificuldade aumente ainda mais pela privação sensorial.
Além disso, sabe-se que a perda auditiva é um dos principais fatores de risco da demência, doença cerebral que causa diminuição da capacidade de raciocínio e memória. De acordo com várias pesquisas, a perda auditiva está relacionada diretamente com o avanço da demência porque a redução dos sons que chegam ao cérebro diminui a capacidade cognitiva. Essa diminuição da capacidade auditiva encurta as atividades cerebrais. Em outras palavras, quando um indivíduo adquiri uma perda auditiva e é privado do estímulo sonoro por um período prolongado, aumentam consideravelmente as chances de perda cognitiva. Um artigo científico publicado no The Lancet, uma das mais renomadas revistas médicas do mundo, apresentado no Congresso Europeu de Aparelhos Auditivos (EUHA) este ano em Hannover, na Alemanha, relatou um estudo realizado durante 25 anos com 3.777 pessoas com idades a partir de 65 anos, e demonstrou um aumento na incidência de demência nas pessoas com perda auditiva. A exceção, no entanto, foram as pessoas que utilizavam aparelhos auditivos. Portanto, a conclusão é que o uso da prótese auditiva ajuda a retardar a demência, ao manter o cérebro do idoso ativo através dos sons.
Sendo assim, considera-se de extrema importância os estímulos proporcionados pelo uso da amplificação sonora como estimulação. Pode-se dessa forma, prevenir ou minimizar a privação sensorial, sendo essencial para a plasticidade do sistema nervoso auditivo central. |
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