Imagine estar diante do seu prato favorito e não conseguir sequer sentir o gosto e o cheiro dos alimentos? Ou ainda não perceber o perfume que está usando? No pós COVID-19 muitas pessoas ficam dias, ou até meses, sem estes importantes sentidos. O sabor que percebemos quando comemos ou bebemos algo é proveniente de uma combinação entre o olfato e o paladar. O olfato tem papel primordial no comportamento alimentar, influenciando no apetite, na escolha e na ingestão dos alimentos.
Uma das manifestações clínicas características da COVID-19 é a perda de olfato (anosmia). Estima-se que cerca de 80% das pessoas com essa doença apresentem alteração do olfato, que pode ser acompanhada por alteração ou perda do paladar, tecnicamente chamadas, respectivamente, de disgeusia e ageusia.
O epitélio olfativo tem a capacidade de se regenerar, e por isso a perda do olfato é quase sempre reversível. Na maioria dos pacientes ela se instala subitamente, e a recuperação é rápida, mas em uma pequena parte deles a perda de olfato é persistente e a recuperação lenta.
Perder o olfato implica em riscos para a saúde. Podemos citar como exemplo o consumo de alimentos estragados, deteriorados. Além disso, perigos como a impossibilidade da pessoa se dar conta de um vazamento de gás dentro de casa, situação que envolve risco de morte. Nos idosos, os sentidos de olfato e paladar já são reduzidos pela idade e, então, se acometidos pela COVID-19, o risco de não terem desejo de se alimentar é ainda maior, causando desidratação e perda de peso.
A novidade é que tal perda tem solução e pode ser rápida se o paciente logo procurar ajuda. Existe um protocolo de recuperação, um treinamento olfatório, destinado a pessoas que sofrem com tal sequelas decorrentes do novo coronavírus. É um tratamento indolor, não invasivo e rápido, que busca bioestimular o nervo olfatório.
O tratamento consiste em treinamentos olfatórios e gustativos, que estimulam o olfato e o paladar unidos à fotobiomodulação (laserterapia), que potencializa o tratamento. O laser de baixa intensidade acelera a regeneração de nervos periféricos e trata a inflamação.
A terapia se baseia na oferta de determinados odores/essências para que o paciente inale de maneira periódica, duas vezes ao dia, durante um período individualizado, com o objetivo de auxiliar na recuperação das vias olfatórias até o cérebro (córtex cerebral). O treinamento olfatório se baseia em dois princípios: na capacidade do sistema olfatório de formar novas conexões (plasticidade neuronal) e na capacidade de regeneração dos neurônios olfatórios a partir das células basais.
A ideia do treinamento olfatório é fazer uma reconexão do sentido do olfato no nariz com a parte do cérebro que identifica o odor. O paciente tem que concentrar, por exemplo, no cheiro do café. Ele tem que se lembrar do cheiro do café à medida em que ele vai sentido a essência, mesmo que ele não esteja sentindo cheiro nenhum naquele momento. Os treinos vão restabelecer esse contexto e a laserterapia vai potencializar o processo.
Resultados rápidos
Estudos recentes mostram de forma convincente que com o treinamento olfativo a taxa de recuperação dobra. Ou seja, as pessoas se recuperam de forma mais rápida e completa.
Geralmente, em torno de 5 sessões as pessoas já conseguem ter um resultado fantástico, em um curto período de tempo. Já para aquelas que estão de 6 a 8 meses sem ambos sentidos e não procuraram tratamento, o processo pode demorar um pouco mais. Entretanto, em muitos casos, o resultado já começa a aparecer nas primeiras 48 horas.
O atendimento de forma personalizada é um diferencial. O apelo emocional é outro fator fundamental para a recuperação.
O paladar e o olfato são sentidos extremamente importantes. Logo, quem está passando por uma situação como essa e contraiu a COVID-19, perdeu estas funções e não obteve melhora, a indicação é que procure um fonoaudiólogo especialista para iniciar o tratamento.