A hérnia abdominal é uma abertura ou “buraco” na parede abdominal pela qual os órgãos de dentro do abdômen, especialmente parte do intestino
podem entrar. Os pacientes percebem uma hérnia abdominal ao identificarem um abaulamento localizado no abdômen causado pela protrusão dos órgãos intra-abdominais através do defeito ou anel herniário. As hérnias ocorrem geralmente nos locais de maior fragilidade, como na virilha, região umbilical e na cicatriz de cirurgias.
A complicação mais temida relacionada as hérnias é o estrangulamento dos órgão abdominais, especialmente do intestino, dentro da hérnia. Esta situação é uma emergência médica e o tratamento cirúrgico deve ser imediato. Com o estrangulamento ocorre uma interrupção do fluxo de sangue para o órgão o que leva a isquemia e necrose dentro de poucas horas. Em casos de estrangulamento o paciente apresenta dor localizada de forte intensidade e aumento de volume no local que não desaparece com o repouso. Além disso pode apresentar sintomas de obstrução do intestino: distensão, vômitos e parada da eliminação de gases e fezes. Se não tratada pode levar até a morte.
Não existe medicamento que possa tratar as hérnias, o tratamento das hérnias abdominais é sempre cirúrgico. Hérnias pequenas e assintomáticas ou em pacientes com comorbidades mais graves podem ser eventualmente manejadas sem cirurgia, apenas com observação. A cirurgia pode ser realizada da forma convencional (aberta por meio de corte) ou por laparoscopia (minimamente invasivo). O uso de faixas, cintos ou fundas geralmente é desaconselhado.
Tradicionalmente a cirurgia para fechamento da hérnia era realizada apenas através de suturas (pontos) nos músculos. Entretanto, estas técnicas estão associadas excesso de “tensão” e apresentam risco de recidiva da hérnia elevado além de poderem estar associadas a dor pós-operatória. Atualmente, a utilização de prótese (tela) para fechamento da hérnia e reforço da musculatura (técnicas ditas “sem tensão”) são o “padrão-ouro”. A taxa de recidiva nas técnicas com utilização de telas é menor.
Cirurgia aberta ou por corte: ainda é a técnica mais utilizada nos dias atuais. As técnicas abertas ou convencionais apresentam como principais vantagens:
Ser realizada com anestesia local ou bloqueio, é a técnica mais fácil de realiza. Aplicada em casos de emergência e que possui o custo menor. As principais desvantagens é o maior risco de complicações de ferida operatória (incluindo infecção), maior dor no pós-operatório, maior tempo de recuperação e de retorno as atividades habituais.
Cirurgia Laparoscópica: consiste na realização da cirurgia por meio de pequenas incisões (“furinhos”). É insuflado um gás no interior do abdômen do paciente com objetivo de criar espaço para que o cirurgião utilize pequenos instrumentos e corrija a hérnia com sutura e/ou colocação da tela. As grandes vantagens desta técnica são: recuperação mais rápida, menor dor, retorno mais rápido as atividades, menos complicações de ferida operatória. Entretanto, as principais desvantagens são: necessidade de anestesia geral, custos maiores, técnica mais difícil de realizar, maior risco de complicações graves.
A avaliação com um cirurgião experiente é fundamental para avaliar cada caso de maneira individual e definir qual a melhor técnica para cada paciente.
No caso da hérnia operada por laparoscopia (vídeo) a recuperação pós-operatória inicial é rápida, podendo o paciente ter alta no mesmo dia ou em até 1 dia de internação, dependendo do tipo e tamanho da hérnia. Os cuidados iniciais da ferida operatória seguem o padrão de como qualquer outra cirurgia: manter limpa e seca. Os pacientes normalmente apresentam dor/desconforto nos primeiros 3-7 dias após a cirurgia que vão diminuindo progressivamente. Recomenda-se evitar dirigir por 3-5 dias. O retorno as atividades habituais normalmente ocorre após 7-15 dias. Deve-se evitar atividades físicas mais intensas; levantamento de peso e exercício abdominal por 4-6 semanas após a cirurgia. Estas orientações servem como um guia geral. Entretanto, a avaliação individualizada, incluindo a idade do paciente, localização, tamanho da hérnia, e o tipo de cirurgia realizada, são fundamentais para definir os cuidados pós-operatórios.
Outra opção atualmente é a cirurgia realizada por robô que tem como desvantagem o alto custo e como vantagem uma maior precisão na realização do procedimento, mantendo as vantagens do acesso minimamente invasivo. Embora ainda não dispomos na nossa região, caso o paciente tenha indicação, podemos encaminha-los para centros de referência em robótica onde realizamos treinamento nesse método.