Oncologia personalizada é aquela que trata o paciente como ser único, levando em consideração a pessoa que existe por trás da doença e suas crenças.
Oncologia de precisão é aquela que tem como foco tratar a alteração genética e molecular que levou ao desenvolvimento e proliferação do tumor, além de poder prevenir ou trazer à tona diagnósticos de câncer em suas formas mais precoces da doença. De forma mais simplista, oncologia de precisão é aquela que age de forma mais certeira no tratamento do câncer.
A união da oncologia personalizada e oncologia de precisão deu início a uma nova e revolucionária era no tratamento do câncer, trazendo à tona novas perspectivas e horizontes no tratamento do câncer.
Para melhor entender esse novo horizonte, é necessário o entendimento de alguns conceitos e acontecimentos.
Câncer é um termo que abrange mais de 100 diferentes tipos de doenças malignas que têm em comum o crescimento desordenado de células, que podem invadir tecidos adjacentes ou órgãos à distância.
O câncer surge a partir de uma mutação genética, ou seja, de uma alteração no DNA da célula, que passa a receber instruções erradas para as suas atividades. As alterações podem ocorrer em genes especiais, denominados proto-oncogenes, que a princípio são inativos em células normais. Quando ativados, os proto-oncogenes tornam-se oncogenes, responsáveis por transformar as células normais em células cancerosas. Os genes são arquivos, localizados dentro dos cromossomos, que se alocam dentro do núcleo celular, responsáveis por guardar e fornece instruções para a organização das estruturas, formas e atividades das células no organismo.
O Projeto Genoma Humano concluído em 2013, que consistiu num esforço internacional para o mapeamento do genoma humano e a identificação de todos os nucleotídeos que o compõem, deu início a uma nova era na medicina e consequentemente na oncologia, visto que o câncer se inicia a partir de mutações genéticas, que podem ser desencadeada por alterações hereditárias herdadas e / ou exposição a fatores que causam danos ao DNA como radiação e tabagismo.
Partindo do princípio de que todo indivíduo é único, analisar as sequências de DNA dos pacientes e de indivíduos saudáveis, abre caminho para identificar as mutações responsáveis por aumentar o risco de desenvolver o câncer e assim antecipar medidas de prevenção e monitoramento, assim como identificar mutações responsáveis pelo desenvolvimento da doença já estabelecida, e propor a realização de tratamentos direcionados a essas mutações.
A mutação genética pode ser hereditária, ou seja, quando ela é herdada de pai ou mãe para filho e ela estará presente em todas as células daquela pessoa, ou somática, quando a pessoa adquire essa mutação em algum momento da sua vida, sendo assim, ela é presente em algumas células do corpo ou tecidos do corpo.
A capacidade de identificar o perfil de mutações por meio do sequenciamento genético dos tumores, mutações essas que podem levar a produção de proteínas que estimulam o crescimento desordenado das células, traz para nós o conceito da utilização das drogas alvo específica, um dos maiores avanços no cenário da oncologia, pois encontrando o alvo responsável pelo crescimento desordenado, pode-se lançar mão de medicações com potencial alvo para atacar essas proteínas.
A quimioterapia, ainda continua sendo um dos pilares do tratamento oncológico para a maioria dos tumores, classificada como tratamento inespecífico, seja oral ou endovenoso. Os agentes quimioterápicos, agem induzindo a morte celular, buscando células que estão em diferentes fases de replicação. Infelizmente, essa ação não é específica, então qualquer célula que esteja se multiplicando de forma acelerada será afetada e em decorrência desse evento celular não específico, ocorre então a toxicidade em geral nos tecidos em que as células se renovam com frequência, atingindo cabelos, pele, mucosas, dentre os demais efeitos colaterais diversos. É importante ressaltar que o tratamento quimioterápico se consolidou através de estudos em que era levado em conta na maioria das vezes o tipo de tumor apenas, sem levar em consideração suas características genéticas e moleculares.
A oncologia de precisão utiliza técnicas de análise molecular para identificar as alterações genéticas, sejam elas hereditárias ou não, das células cancerígenas e compreender como elas se comportam. A partir disso, ela avalia as possibilidades de atingir especificamente essas alterações e, assim, controlar o tumor.