Engana-se quem pensa que a única causa de cirrose é o etilismo crônico. Por diversas vezes já me ocorreu de dar este diagnóstico a um paciente e ouvir, em sequência, a seguinte frase: “- Mas doutor, eu nunca bebi. ”
A cirrose hepática trata-se de fibrose do fígado e formação de nodulações. Em outras palavras, a agressão crônica do fígado faz com que o tecido inflamado do fígado vá sendo substituído por tecido de cicatrização, de forma irreversível, fazendo com que perca gradativamente sua função (Produção de proteínas, conjugação e eliminação de Bilirrubinas, metabolização de toxinas, metabolismo de colesterol, produção de fatores de coagulação, entre outras).
O uso crônico abusivo do álcool, sem sombra de dúvidas, ainda é a principal causa desta doença do fígado no Brasil e no mundo. O etanol é metabolizado no fígado e transformado na substância acetaldeído. Entretanto cargas maiores de álcool podem prejudicar e destruir as células hepáticas, levando à lesão celular, e este mecanismo cronicamente leva à um prejuízo da reparação tecidual e à fibrose.
Outra causa muito comum em nosso meio é a hepatite viral crônica (Hepatite C e Hepatite B). O vírus de hepatite aloja-se nas células do fígado e vai ocasionando destruição gradual ao longo de anos, se não houver diagnóstico e tratamento adequados.
A doença Hepática gordurosa não alcoólica, é outra grande causa de Cirrose Hepática. Fatores como obesidade, diabetes, hipercolesterolemia, síndrome metabólica e resistência insulínica, levam à uma alteração do metabolismo dos lipídios e os fazem acumular no fígado, ocasionando inflamação crônica. Esta situação pode levar a fibrose e consequentemente cirrose hepática
Existem outras causas, como doenças autoimunes do fígado e das vias biliares, doenças do metabolismo do ferro, doenças herdadas geneticamente, entre outras.
Cirrose hepática infelizmente é uma doença silenciosa, e na maioria das vezes só vem a apresentar sintomas em sua fase final, ou seja, somente complicações na fase tardia podem dar o diagnóstico. Portanto devemos ficar atentos aos grandes fatores de risco para evitar que a doença progrida.
Os sintomas que podem sugerir doença hepática incluem: pele e mucosas amareladas, inchaço nas pernas e no abdome, emagrecimento, fraqueza, perda de apetite, perda de pelos nos membros, aumento da glândula mamária nos homens, presença de vasos sanguíneos proeminentes na barriga, lentidão do pensamento e da fala, entre outros.
A melhor maneira de cuidar do seu fígado é manter hábitos de vida mais saudáveis, evitando uso excessivo de álcool, evitar dietas muito calóricas, além da prevenção, rastreio e tratamento das hepatites virais.
Procure o gastroenterologista para tirar suas dúvidas e receber mais informações.