São muitas as cirurgias que desafiam tecnicamente os cirurgiões gerais e digestivos, além é claro da particularidade de cada paciente e da gravidade de cada patologia. Assim um paciente com uma patologia relativamente simples como uma apendicite aguda, mas complicada pode as vezes se tornar um procedimento complexo necessitando as vezes de Colectomia direita (retirada da parte direita do intestino grosso) por se apresentar como uma tumoração inflamatória. Ou se torna complexa, muitas vezes, por comorbidades ou complicações do próprio paciente como insuficiência cardíaca ou doença pulmonar grave ou problemas de coagulação dentre outros. Dentre as cirurgias que exigem maior conhecimento técnico do cirurgião podemos citar:
ESOFAGECTOMIA
A esofagectomia (retirada do esôfago) é uma das cirurgias tecnicamente mais desafiadoras que um Cirurgião do Aparelho Digestivo pode encarar e exige um grande cuidado no intra operatório. Geralmente necessita de abertura em três campos no pescoço, no tórax e no abdome. A proximidade de estruturas nobres como a aorta (maior artéria do corpo humano) e brônquios e outras faz com que a dissecção seja arriscada e exigida destreza e conhecimento técnico do cirurgião. Além da reconstrução do transito que é realizada com tubo do estômago ou do cólon que demanda bastante conhecimento técnico para esse tubo chegar até o pescoço com folga e boa vascularização. Os três principais motivos que podem levar um paciente a ser submetido a uma cirurgia para retirada do esôfago são: câncer, megaesôfago e estenose.
GASTRECTOMIA TOTAL OU PARCIAL
O maior desafio da gastrectomia (retirada do estômago), hoje geralmente indicada para tratar tumores, é a linfadenectomia (retirada dos gânglios linfáticos) das artérias do tronco celíaco (artérias gástrica, hepática e esplênica) e do entorno do pâncreas.
GASTRODUODENOPANCREATECTOMIA ENCEFALICA (PROCEDIMENTO DE WHIPPLE)
Sem dúvida uma das mais complexas cirurgias do aparelho digestivo que exige profundo conhecimento da anatomia do andar superior do abdome e de técnica cirúrgica. É indicada para tumores perambulares (cabeça de pâncreas, papila, duodeno e via biliar distais). A parte mais desafiadora do procedimento é separar o pâncreas da veia mesentérica superior que traz o sangue proveniente do intestino, além de muitos outros detalhes técnicos. Outra parte importante e desafiadora desse procedimento é a emenda do pâncreas com o intestino ou com estômago, que varia conforme a técnica reconstrução e possui alto índice de complicação, a fístula.
HEPATECTOMIAS
As hepatectomias (retirada de parte do fígado) geralmente indicada para tumores também podem ser complexas devido à proximidade dos tumores com vasos sanguíneos importantes, como veia cava, artéria hepática, veia porta e veias supra-hepáticas. Além das vias biliares (canais que carreiam a bile do fígado) que são importantes na determinação da técnica e tática cirúrgica. Assim tumores que envolvem a confluência dos canais biliares, que estão junto a veia porta são um dos tumores mais difíceis de se retirar do abdome. O fígado é um dos órgãos mais complexos para manipulação cirúrgica e o domínio de técnicas de exclusão vascular e de cuidados com as vias biliares são importantes para determinar bons resultados no pós operatório.
RECONSTRUÇÃO DE VIAS BILIARES APÓS LESÃO INADIVERTIDA NA CIRURGIA DE VESICULA
A cirurgia de retirada de vesícula (colecistectomia) com baixo índice de complicação, considerada simples por muitos, possui uma potencial e temida complicação, a lesão iatrogênica da via biliar.
A reconstrução dessa lesão pode ser muito complexa, podendo necessitar de hepatectomia se associada a lesões vasculares e pode evoluir para cirrose secundaria podendo necessitar de transplante de fígado.
RESSECÇÃO DE TUMOR DE RETO BAIXO
A retirada completa do mesorreto (gordura que envolve a parte baixa do intestino grosso) pode ser muito difícil, especialmente porque esses pacientes geralmente realizam radioterapia antes da cirurgia o que gera um processo inflamatório que dificulta o procedimento. Além disso, a reconstrução próximo ao anus, tem alto índice de complicação e muitas vezes exige a realização de ileostomia (bolsa do intestino na pele). Todos esses procedimentos podem ser realizados por cirurgia minimamente invasiva (laparoscopia), como já realizamos por nossa equipe em Rondonópolis, Primavera do Leste e região.