A prevalência de obesidade infantil vem aumentando cada vez mais no mundo. Prova disso, é que a geração atual é a primeira a ter expectativa de vida menor que a de seus pais. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no ano de 2015, a depender da faixa etária e da região demográfica, como, por exemplo, crianças entre 13 a 17 anos, obesidade chega 10% na região sul.
Estudos já comprovaram que as férias de verão têm efeito acumulativo nas chances de uma criança vir a se tornar obesa, consequência da redução de atividades físicas e má alimentação.
Neste ano de 2020, temos visto um aumento ainda maior, devido à pandemia causada pelo novo coronavirus. Além disso, muitas escolas e sistemas escolares, no mundo e no Brasil, não devem retomar as aulas ainda este ano letivo, o que, provavelmente exarcebará os fatores de risco para o ganho ponderal, somados às férias de verão estendidas por conta da pandemia, que vem se arrastando sem previsão de término. Outro motivo é o tipo de alimento estocado (não perecíveis), associado aos ultraprocessados e calóricos, e a falta de oportunidade de realizar atividades físicas, principalmente em regiões urbanas. O tempo de exposição às telas, seja por motivo recreacional ou de aprendizagem (videoaulas) aumentou consideravelmente.
A longo prazo, a obesidade experimentada na infância está relacionada a um maior peso na idade adulta. Além das complicações serem mais severas para os adultos que carregam o “peso” da obesidade desde sua infânica.
Menos de 1% das causas de obesidade está relacionada a doenças metabólicas e genéticas, o restante é por conta dos maus hábitos alimentares e estilo de vida desfavorável, ou seja, a obesidade exógena. Sabe-se que se um dos pais é obeso, a criança tem 40% de chances de se tornar também obesa, se ambos são, eleva-se para 80% essa chance.
A lista de comorbidades é grande o que justificaria uma atenção especial em seu tratamento na mudança do estilo de vida, o principal pilar desejado, requerendo a necessidade de equipe multidisciplinar.
Nenhum medicamento antiobesidade é completamente seguro e isento de efeitos colaterais. Deve-se, sempre que possível, evitá-los e preferir uma terapia baseada na mudança de alimentação, comportamentos e estilo de vida.
Dicas para vencer os desafios da pandemia:
- Ter alimentos saudáveis em casa;
- Fazer suas refeições em família sempre, dando exemplo de bons comportamentos;
- Limitar o tempo de tela, porém nem todos têm o mesmo valor, principalmente quando isso pode ser um tempo de escape social.
- Adotar uma rotina, porém com um pouco mais de flexibilidade, pois as crianças estão mais ansiosas do que nunca, um dos motivos é a falta de tempo ocioso.
- Não esquecer do reforço positivo quando tudo estiver indo bem.
Os desafios da obesidade sempre foram grandes, com ou sem a pandemia, por isso, devemos seguir sempre conscientizando as crianças, já que elas não são responsáveis por seus atos, mas seus pais e o Estado. Cuidemos do nosso futuro.