A cirurgia bariátrica é um método seguro e eficaz para o tratamento da obesidade, mas engana- -se quem acredita que a cirurgia isoladamente resolve o problema. O tratamento definitivo deve envolver mudanças de hábitos e de atitudes e o entendimento de que, após o procedimento cirúrgico, ainda há um longo caminho pela frente.
Hoje eu quero chamar a atenção para um problema que pode acontecer com os pacientes que se submetem a uma cirurgia bariátrica e que independe da técnica escolhida, o temido REGANHO DE PESO, recidiva da obesidade.
Conceitos
Com o tratamento cirúrgico é esperada a redução de pelo menos 50% do excesso de peso. Um pequeno ganho de peso (entre 5% e 10%) após os primeiros dois anos é considerado normal e acontece em até metade dos pacientes, mas deve ocorrer de forma lenta e sem repercussões clínicas. Quando o paciente volta a ganhar peso e ultrapassa aqueles 50%, temos o reganho de peso. Também consideramos anormal ganhar peso no primeiro ano e quando as doenças que já estavam controladas, como por exemplo a hipertensão, o diabetes, a apneia do sono ou a esteatose voltam a dar problema.
Lua-de-mel
Este é o nome do período que compreende os primeiros 18 meses após a realização da cirurgia bariátrica. Tem esse nome porque é uma fase em que a imensa maioria dos pacientes está muito satisfeita com o procedimento cirúrgico. Há uma perda de peso importante neste período (na verdade quase todo o peso que o paciente vai perder com a cirurgia acontece aqui), há uma enorme satisfação com a questão da imagem do paciente, que passa a receber elogios, fica de bem com o espelho e com o seu guarda roupas, está mais disposto a fazer exercícios, a sair de casa e também costuma seguir à risca as recomendações dietéticas.
Por que o reganho de peso acontece?
Depois do período de lua-de-mel começa uma nova etapa do tratamento, quando o peso se estabiliza e é comum que o paciente se sinta mais confortável para não seguir tão à risca as orientações. É aí que mora o perigo! São diversos os motivos do reganho de peso: distúrbios metabólicos, psicológicos, perda do foco no tratamento, abandono da equipe multidisciplinar ou quando o paciente adquire hábitos incompatíveis com o emagrecimento a longo prazo.
Aproveito para dizer que o segredo do sucesso não está em adquirir pacotes caros para acompanhamento multidisciplinar apenas nos primeiros seis meses de cirurgia, mas em fazer o acompanhamentos com profissionais capacitados, de forma regular e responsável, pelo resto da vida.