Com avanços da medicina nas últimas décadas o entendimento das lesões dos tendões do manguito rotador (imagem 1) tornou-se mais objetiva, juntamente com as opções dos tratamentos cirúrgicos que evoluíram beneficiando os pacientes.
A cirurgia do manguito rotador está indicada em pacientes sintomáticos com rupturas completas dos tendões do manguito rotador e/ou em pacientes com ruptura parciais que já realizaram o tratamento conservador, porém sem melhora da dor e função da articulação afetada.
A cirurgia pode ser programada eletivamente, a menos que seja uma ruptura traumática (lesões por queda sobre o ombro ou por esforço abrupto), quando se indica o reparo o mais rápido possível, de preferência antes de 60 dias, pois estas lesões podem retrair (encurtar) e atrofiar rapidamente.
A técnica cirúrgica mais realizada para o reparo do manguito rotador é a videoartroscopia. Consiste em incisões mínimas de 0,5 cm a 1,5 cm (em torno de 3 a 4 incisões) (imagem 2), visualizando toda articulação e realizando todos procedimentos necessário que antecede ao reparo do manguito rotador (tenotomia e tenodese do cabo longo do bíceps, bursectomia, acromioplastia e ressecção lateral da clavícula) e com utilização das âncoras (imagem 3) são realizadas as suturas do manguito rotador (imagem 4).
Porém como todo avanço tecnológico as videosartroscopia apresentam custos elevados para sua realização. No entanto, existe a cirurgia aberta por mini incisão com pontos transósseos, com incisão de 3-5 cm em região ântero-lateral do ombro acometido (imagem 5 e 6), realizando abertura muscular entre o deltoide anterior e lateral. Neste acesso é possível realizar todos procedimentos que antecede o reparo do manguito rotador e com fios de alta resistência (os mesmos que são utilizados nas âncoras) são realizadas suturas transósseas para o reparo do manguito rotador.
As cirurgias por videoartroscopia e as cirurgias abertas por mini incisão com pontos transósseos apresentam mesmo tempo cirúrgico, mesmo tempo de recuperação e mesma taxas de satisfação e benefícios aos pacientes submetidos a qualquer destas técnicas cirúrgicas.
Diferenças entre as técnicas cirúrgicas:
Videoartroscopia:
Menos invasiva. Sem desinserção do deltoide (portanto sem risco de deiscência deste músculo);
Permite completa visualização articular e subacromial;
A dor pós-operatória menor, porém a dor muito relativa a cada paciente;
Melhor cosmese.
Cirurgia aberta por mini incisão:
Não utilização de pinos (âncoras), apenas fios de alta resistência;
Indicado para pacientes que já realizaram cirurgia por videoartroscopia, porém apresentam nova ruptura do manguito rotador do ombro já operado;
Pacientes que apresentam osteoporose média a avançada, pois pela videoartroscopia as âncoras podem ocorrerem solturas devido a qualidade óssea;
Custo operacional menor (“mais barata”) do que a videosartroscopia, pois em nosso cenário econômico atual não é todo paciente que possui condições para custear uma cirurgia por videoartroscopia.
No entanto, a videoartroscopia e a cirurgia por mini incisão por pontos transósseos requer grande curva de aprendizado do cirurgião (mínimo 150 cirurgias de ombro para atingir proficiência), porém a videoartroscopia incrementa os custos e é material-dependente.
Importante frisar que a cirurgia e o seu resultado variam muito de acordo com o tamanho da lesão e de quantos tendões estão acometidos. Quanto maior a retração e extensão da lesão, mais complexa é a técnica cirúrgica necessária e piores são os resultados quanto à cicatrização dos tendões. O tempo de uso da tipoia e o tempo de recuperação também variam de acordo com a gravidade da lesão.
Por isso é fundamental reforçar: cada caso é diferente do outro. Os resultados variam muito de paciente para paciente e o tipo de lesão é um dos fatores que mais influenciam nesse resultado.
Porém, se a ruptura de um tendão do manguito rotador não for operada, poderá sofrer retração e atrofia do músculo acometido. Ocorrerá sobrecarga dos outros tendões remanescentes, que gradativamente podem evoluir para ruptura. Com o passar de meses a anos, a ruptura pode se tornar irreparável, evoluindo para falência do manguito rotador e perca da função de elevação ativa do braço.