Mesmo que, instantaneamente, você se lembre da recomendação do pediatra ou daquela notícia que leu sobre os malefícios do exagero das telas para o desenvolvimento infantil, está tudo bem.
Eu, você, o vizinho e até aquela sua amiga mãe super participativa, companheira que propõe as melhores brincadeiras, em algum momento, já usamos a TV, o tablet ou o smartphone como recurso para ocupar o filho, seja no restaurante, seja na fila do supermercado.
E se você conhecer um diferentão que jura nunca ter cometido esse “crime”, não tem por que se sentir menos pai ou menos mãe. “As crianças vivem no mesmo mundo em que nós vivemos, aquele em que os adultos checam seus celulares mais de 50 vezes ao dia. As telas fazem parte da vida delas. Se fingirmos que não fazem ou formos tomados pelo medo, elas nunca aprenderão como e por que usá-las.
Porém, sem equilíbrio (como tudo na vida), a lista de prejuízos já comprovados cientificamente aos pequenos talvez seja maior: de obesidade e sedentarismo a problemas de sono e agressividade. Isso sem falar da linha tênue que divide o cuidado dos pais e a superproteção A luz das telas diminui a produção de melatonina, hormônio que faz a gente ter vontade de dormir. Portanto, esse é um daqueles momentos em que você precisa criar regras: nada de telas (no mínimo uma hora) antes de deitar. De preferência, não coloque uma TV no quarto do seu filho e jamais permita que ele leve seus vídeos para a cama.
Outro fato que mostra a urgência de sabermos equilibrar a tecnologia é o aumento do número de casos de miopia nas últimas décadas em todo o mundo – no leste asiático, cerca de 90% dos adolescentes de 18 anos são míopes. Especialistas atribuem o problema à falta de exposição à luz natural, especialmente porque as crianças de hoje brincam pouco ao ar livre – o que também influencia diretamente o sedentarismo e a obesidade infantil.
Esse tema ainda é um grande dilema para os pais, diante da nova era tecnológica em que vivemos e uma controvérsia entre os pediatras.
Podemos afirmar que os primeiros anos de vida são considerados cruciais no neurodesenvolvimento, nesta fase há maior plasticidade cerebral, o que gera uma grande adaptação do cérebro em relação às experiências e descobertas vividas pelas crianças. Diante deste aspecto, algumas consequências do uso indiscriminado das tecnologias digitais devem ser abordados.
Nesta faixa etária é muito importante que a motricidade seja desenvolvida, e com o uso rotineiro de artifícios digitais a criança acaba perdendo o interesse em conhecer o mundo ao seu redor e, consequentemente, desenvolve menos os movimentos do corpo como engatinhar, andar e tocar objetos.
Quando utilizamos as mídias digitais como forma de chamar a atenção das crianças, acontece também, os erros alimentares, associados ao fato de se alimentar junto a tela do computador, fazendo com que a criança não preste atenção no que esta ingerindo. Essas passam a focar apenas na visão e audição, que são as sensações mais utilizadas nesses momentos, deixando um pouco de lado outras sensações como o tato, olfato e paladar, prejudicando de certa forma o desenvolvimento de um modo integral.
• Para avaliação de exposição do tempo de tela de uma cirança, deve-se considerar: smartphone, tablet, televisão, computador, notebook – para entretenimento (tempo de tarefas e pesquisas escolares não entra na conta).
• A maioria das crianças acaba tendo contato com esses equipamentos nos primeiros meses de vida.
• É extremamente importante estabelecer limites no uso dos eletrônicos.
• A recomendação anterior da Academia Americana de Pediatria (AAP) era de zero contato com as telas antes dos 02 anos, no máximo duas horas diárias após essa idade.
Recomendação atual considera as seguintes faixas etárias
• Menores de 2 anos: segue a recomendação de nenhuma exposição diária às telas.
• 2 a 5 anos: uso limitado a uma hora por dia.
• 6 anos e mais: cabe aos pais determinar a quantidade de tempo, com monitoramento dos conteúdos de acesso.
Recomendações gerais para os pais
Promover ao menos uma hora diária de brincadeiras e atividades que façam a criança se movimentar, priorizar atividades criativas e brincadeiras que promovam a interação, deixar claro a criança o limite de uso diário de cada equipamento com tela, não instalar nem permitir acesso a equipamentos no quarto da criança, não permitir acesso próximo do sono ou para colocar criança para dormir, desencoraje o uso de equipamentos enquanto a criança faz outras atividades, estabelecer momentos “livre de telas” em família, conversar sobre bullying virtual com a criança e orientar perigos da internet.