A cirurgia geral e digestiva sofreu impacto importante nas últimas três décadas, a cirurgia minimamente invasiva (a videocirurgia e mais recentemente a cirurgia robótica). Cirurgias menos invasivas com menor dano tecidual e por consequente menor tempo de recuperação e menos dor no pós operatório, além de um melhor resultado estético.
As hérnias da parede abdominal são falhas ou uma fragilidade na aponeurose (membrana de tecido conjuntivo que cobre a parte interna da parede do abdome) ou em outros componentes como músculos, permitindo que órgãos da cavidade abdominal como intestino se salientem dentro destes orifícios causando um abaulamento sob a pele e o subcutâneo. Pode não ocorrer sintomas, mas pode provocar dor, inchaço e vermelhidão no local, especialmente quando há um encarceramento ou torção dos órgãos que estão dentro da hérnia.
Diferente de patologias como a Colelitiase (pedra na vesícula), as cirurgias minimante invasivas para hérnias da parede abdominal não são bem estabelecidas e devem ser indicadas com bastante cautela por um profissional com experiência em cirurgias de hérnia convencional e laparoscópica. Um exemplo são as hérnias incisionais, que surgem nas cicatrizes de cirurgias anteriores, onde a dificuldade de liberação das aderências do intestino pode ser complicada por esse método, bem como o excesso de pele não retirado pode deixar um efeito cosmético indesejável. Outro exemplos são as hérnias que surgem na cicatriz umbilical, onde a incisão da cirurgia convencional pode ter um efeito estético melhor que a cirurgia laparoscópica.
No caso das hérnias inguinais, aquelas que surgem na virilha, quando o conteúdo herniado (geralmente o intestino) esta se produzindo até a bolsa escrotal a indicação da cirurgia por vídeo também é limitada.
A cirurgia de vídeo para as hérnias inguinais possuem basicamente duas técnicas, a transabdominal pré-peritoneal (TAPP) e a técnica laparoscópica totalmente extraperitoneal (TEP). Em nosso serviço damos preferência para a TEP, ao não utilizarmos grampeadores com essa técnica, diminui o custo e a possibilidade de lesão neurológica que pode causar dor no pós operatório.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hérnia e Parede Abdominal (SBH), a Cirurgia Laparoscópica consiste na realização da cirurgia por meio de pequenas incisões (“furinhos”). É insuflado um gás no interior do abdome do paciente com objetivo de criar espaço para que o cirurgião utilize pequenos instrumentos e corrija a hérnia com sutura e/ou colocação da tela. As grandes vantagens desta técnica são: recuperação mais rápida, menor dor, retorno mais precoce as atividades, menos complicações de ferida operatória. Entretanto, as principais desvantagens são: necessidade de anestesia geral, custos maiores, técnica mais difícil de realizar, maior risco de complicações graves.
A avaliação de um cirurgião experiente e um consulta que entenda e respeite a necessidade e autonomia do paciente é fundamental para um bom resultado na cirurgia das hérnias de parede abdominal.