A Síndrome Dolorosa Miofascial (SDM) é uma causa muito comum de dor musculoesquelética, muitas vezes, subdiagnosticada por desconhecimento médico, apesar de depender apenas da história do quadro e do exame físico para diagnóstico. Pode causar quadros álgicos incapacitantes limitando consideravelmente a qualidade de vida do paciente.
Esta síndrome é caracterizada pela presença de uma banda tensa ou nódulos musculares, pontos gatilho (PG), que são pontos dolorosos profundos e ao serem pressionados ou agulhados demonstram uma resposta contrátil localizada, ocasionando uma dor local ou referida, que reproduz a dor do paciente. Eles podem ser ativos ou latentes. A presença da reação contrátil, twich response, é característica da SDM. Estudos eletromiográficos demonstraram que as fibras dos PG são mais facilmente fadigáveis com menor capacidade de geral contração muscular.
Exames clínicos, laboratoriais, de imagem e eletrofisiológicos auxiliam no diagnostico diferencial com afecções funcionais, inflamatórias, infecciosas, degenerativas ou metabólicas, que podem simular uma SDM.
Em casos de radiculopatias os músculos podem se tornar mais suscetíveis ao desenvolvimento de PG por uma provável hipersensibilidade por denervação dos neurônios da medula espinhal, modificando a percepção das aferências musculares regionais.
As causas mais comuns são postura inadequada, sobrecargas agudas ou microtraumatismos repetitivos de estruturas musculoesqueléticas, resultando em contração muscular exagerada por tempo prolongado, levando a uma isquemia localizada com liberação de substâncias algiogênicas, entrando num ciclo vicioso de elevação da atividade motora e do sistema nervoso neurovegetativo com aumento da sensibilidade à dor por sensibilização central e periférica.
Sobrecargas adicionais, mesmo que aparentem ser insignificantes podem transformar pontos latentes em ativos, desencadeando reações dolorosas intensas, edema e comprometimento da amplitude do movimento (ADM).
As características da SDM são: dor regional em peso, dor difusa em um músculo ou um grupo muscular, surtos de dor e dor referida à distância, queimor, latejante, pode ocorrer simulação de um padrão radicular pela presença de parestesias.
A avaliação deve ser criteriosa para que o tratamento possa abranger os fatores desencadeantes e perpetuantes, e sua complexidade levada em consideração a fim de avaliar a necessidade de uma equipe multidisciplinar.
Terapia medicamentosa é a primeira escolha para alívio inicial do quadro álgico. O uso de anti-inflamatórios se mostra útil em situações de agudização ou após procedimentos como agulhamento ou cinesioterapia, normalmente associados a analgésicos comuns como dipirona e, em casos de dor forte até mesmo associar opioides.
Importante regularizar o bem-estar do paciente, nesse contexto dormir bem é primordial. É comum a associação de relaxantes musculares e antidepressivos tricíclicos que também auxiliam nesta função.
Em se tratando de SDM é fundamental a importância de medidas como inativação dos pontos gatilho, reabilitação muscular, cinesioterapia, orientações posturais e remoção de fatores desencadeantes. Todos estes têm como objetivo comum interromper o ciclo dor-espasmo-dor. Sempre reforçar com o paciente sua corresponsabilidade em fazer a sua parte.