No cenário mundial, uma parcela significativa de pessoas sofre de doenças degenerativas do ombro. Com isso, a prótese reversa, um dos grandes avanços para a cirurgia do ombro, passou a permitir tratar doenças até então sem tratamento adequado.
A principal indicação da artroplastia reversa é nos casos de degeneração avançada da articulação gleno-umeral associada a lesão do manguito rotador.
Este tipo de prótese inverte a ordem de posicionamento da estrutura anatômica da articulação do ombro, a cabeça umeral protética é inserida na cavidade glenóide e a glenóide protética é posicionada na antiga cabeça umeral. Dessa forma tem-se a vantagem de melhorar a congruência articular devido à utilização de uma maior fossa glenóide e menor cabeça do úmero.
A biomecânica da prótese reversa promove maior estabilidade articular por melhorar a congruência. A função dos músculos do manguito rotador é substituída pela do músculo deltóide, que deve estar íntegro, e que, devido ao formato da prótese, aumenta sua tensão, medializando ou lateralizando o centro de rotação da articulação auxiliando no recrutamento de mais fibras do músculo deltóide na abdução e elevação anterior do ombro.
A disposição anatômica invertida da prótese proporciona ao paciente um ganho maior de amplitudes de movimentos do ombro e com isso o retorno mais precoce às funções, melhora na qualidade de vida e resultados satisfatórios com o tratamento fisioterapêutico.
Geralmente a indicação cirúrgica ocorre após seis meses de quadro álgico intenso e limitações importantes de movimentos do ombro e com tratamento medicamentoso e fisioterapia sem sucesso.
Ressaltar que artroplastia reversa é procedimento cirúrgico de alta complexidade. Muito importante o paciente ser avaliado por profissional experiente nesta área de atuação. A decisão cirurgia deve ser tomada por consenso entre paciente, familiares e cirurgião ortopédico de ombro e cotovelo.
Atualmente, a artroplastia reversa também é uma importante arma no tratamento de casos em que há grande distorção da anatomia articular do ombro, quando a artroplastia anatômica não é capaz de reconstituir a anatomia articular normal. Desta forma, pode ser utilizada nas sequelas de fraturas em outras causas para grave distorção da anatomia normal do ombro. Além destas indicações, há ainda as fraturas agudas do ombro, em quatro partes, em pacientes idosos. Os resultados da prótese reversa neste grupo de pacientes é mais previsível que com a artroplastia anatômica do ombro.